As coisas boas o tempo jamais apaga da memória.
Quem quer que tenha convivido com VASCO, sabe do cultivo das amizades cuidadosamente construídas e regadas sempre com muita sinceridade, solidariedade, “contação de causos”, apego a coisas marcantes como um café com requeijão nos finais de tarde na Graciosa, verdades que às vezes poderiam incomodar, mas que se mostravam corretas com o tempo, opiniões com definições muito claras dos seus pontos de vista, ouvidos atentos e respeito aos contraditórios.
Assim viveu o também atencioso e carismático José Moura de Vasconcelos, o saudoso VASCO, afável no trato e sorridente sempre.
Alguns registros pinçados das redes sociais mostram o reconhecimento de pessoas que com ele conviveram:
“Grande homem !!! Doe essa saudades!!Mas as lembranças são ótimas” (Jercilene Covre);
“Deixou saudades… Contagiava a todos com sua alegria e simplicidade” (Sheyla Vendramini);
“Meu amigo” (Helena Santos);
“Realmente era um grande amigo nosso” (Cinelândia Veloso)
“Saude eterna” (Núbia Casali”
“Um ser humano de um coração nobre. Muito respeito pela memória dele (Rosângela Sossai);
“Grande Vasco. Tinha toda a minha admiração. Saudade eterna” (Vânia Santana);
“Saudoso vasco que por sinal era um grande flamenguista” (Clerison Rocha Dos Santos);
“Saudade eterna do meu grande amigo Vasco. Homem do coração de ouro” (Amilton Souza Costa);
“Quando eu precisei ele me deu muito conselho!” (Ivone Machado Brito);
“Toda lágrima derramada com AMOR ficará para eternidade.....” (José Nemézio);
“Grande homem, gostava muito de ajuda o próximo” (Alexandre Pinto)
“Sempre lembro dele com muita saudade uma das melhores pessoa que conheci saudades” (Sônia Veloso);
“Aquele amigo para todas as horas, de um coração imenso!! (Cátia Oliveira);
Hoje o CliC101 traz no quadro SAUDADES a história de um homem que se revela muito querido no distrito de Monte Pascoal, em Itabela. Há pouco mais de um mês ele se foi, deixando em todos que o conhecia a eterna SAUDADE.
Valdemar Oliveira da Silva, popularmente conhecido como DEMAR, homem simples, cristão de muita fé, visto em fotografias como uma pessoa alegre, tinha sempre ao seu lado uma parceira, uma esposa, um verdadeiro amor, a senhora Maria Moreira Paiva, que nos cedeu as imagens e contou tudo que você vai ler nesta reportagem.
Nascido em 02 de janeiro de 1952, a história de Demar em Monte Pascoal começa quando ele tinha aproximadamente 10 anos de idade, tendo se instalado na localidade em meados de 1962.
FAMÍLIA
Com o passar do tempo, a maturidade foi chegando, até conhecer a mulher que lhe acompanharia por toda sua vida, a senhora Maria, com quem casou-se aos 19 anos, no dia 18 de agosto de 1971. Desse intenso amor de 49 anos só de matrimônio nasceram os quatro filhos: James, os gêmeos Jarbas e Joelma e Janete. Ele ainda teve a alegria de conhecer os netos Diógenes, filho da Joelma, e Daví, filho da Janete.
“Bom pai, bom marido, bom avô, bom sogro”, declarou a dona Maria.
Um pai sempre presente na vida dos filhos, mesmo distante fisicamente de alguns. Com a chegada da tecnologia como a internet, no grupo da família no WhatsApp o “bom dia” era sagrado, e quando um dos filhos não respondia, ele atento já ligava pra saber se estava tudo bem.
TRABALHO
Durante sua vida, dentre as atividades que o fez conhecido em Monte Pascoal, talvez a de comerciante seja a que ficou marcada para os mais antigos, pois era ali no “Mercadinho A Oliveira” que funcionava o posto telefônico. E advinha quem era a telefonista? A dona Maria, é claro.
Mas além de comerciante, o Demar também trabalhou na empresa de abastecimento de água do distrito. Sua última atividade, onde passou cerca de 15 anos de uma exemplar prestação de serviço, foi no Posto de Saúde, na atividade de vigia, mas ele ia muito além do seu cargo, como conta a viúva dona Maria “Ele era vigia, mas fazia todo tipo de trabalho lá dentro, da recepção até consertar alguma coisa alí, das cadeiras, tanto que eles sentem muita falta dele nestes trabalhos que ele fazia”.
O CIDADÃO
Como um cidadão influente, fruto do seu esforço levou para Monte Pascoal um posto dos Correios, além do antigo posto de telefone.
Não ficava de fora da política local, e como liderança, sua casa era frequentada por outras lideranças políticas e candidatos, de prefeito a deputados que por alí passavam, desde a época em que Itabela era distrito de Porto Seguro, quando o prefeito ainda era o Baiano.
Por sua vontade e de pessoas à sua volta, Demar participaria até como candidato, mas como bom companheiro sempre preferiu ouvir a opinião de sua esposa dona Maria de não se candidatar.
SAUDADES
Depois de viver intensamente sua vida aqui na terra, sendo o cidadão que foi, o pai, o irmão, o marido, o amigo, o avô, escrevendo uma história de honestidade e amor com sua família e amigos, passou dois anos na luta contra um câncer, até que chegou a sua hora de partir, em 22 de janeiro de 2020. A partida é sempre difícil, dura, e a dor que pode parecer que nunca vai passar para quem fica, um dia se transforma em outro sentimento. Um sentimento que vai trazer as lembranças dos momentos mais marcantes e bons já vividos com ele, a SAUDADE.
Agradecimentos à família Covre pela sugestão de pauta,
e a Dona Maria que recebeu nossa reportagem para
contar a história do senhor Valdemar.
Marli Calatroni de Aguiar nasceu no dia 15/01/1943 em Colatina/ES, filha de Alexandrino Calatroni e Rita Frigeri Calatroni.
Casou-se com José Paulo de Aguiar no dia 25/02/1978 em Itabela/BA e dessa união nasceram Magaly Calatroni de Aguiar e Alex Calatroni de Aguiar.
A família cresceu um pouco mais, e fruto de muito amor, nasceu o neto Paulo Vitor Calatroni Miranda, filho de Magaly e Wagner Miranda.
Quando chegou em Itabela/BA, lá por volta de 1972/1973, Marli trabalhou como contadora no escritório de contabilidade dela em sociedade com sua irmã Margarida.
Anos depois elas venderam o escritório, e Marli mudou de profissão, se tornando professora e diretora do município de Itabela, onde trabalhou com dedicação e deixou bons exemplos, por longos anos, até se aposentar.
Juntamente com alguns amigos como Ismael Francisqueto, Marli animava a cidade de Itabela com suas quadrilhas juninas durante as comemorações do São João.
E foi em uma dessas festas que ela conheceu José Paulo de Aguiar (In memorian), com quem construiu um lar harmonioso, onde a felicidade reinou com toda intensidade, até que o destino os separou, com o falecimento de Zé Paulo em 02/12/2013, depois de 17 longos anos de grave enfermidade.
Dona Marli veio a falecer recentemente, no dia 21/08/2019, deixando um grande vazio na comunidade itabelense, onde só fez construir amizades, distribuir apenas coisas boas, deixando um legado de bons exemplos a serem reconhecidos e seguidos.
Colaboração: Valéria Bravim / Janilda Bergamini
Cleusete Almeida de Vasconcelos, esse o nome de batismo da nossa querida e saudosa ZETE, um legado de amor, simplicidade, dedicação e sinceridade.
Quem não se lembra das tantas vezes de ter cruzado sempre pelas ruas da cidade de Itabela com aquela pessoa pequena na estrutura física, mas uma gigante na estatura moral?
Quem não se lembra de ter recebido um caloroso bom dia, boa tarde ou boa noite, daquela senhora sorridente e contadora de CAUSOS, que fazia questão de percorrer toda a cidade de Itabela, com rara rapidez, mas sempre a pé, certamente para ter a possibilidade de encontrar e falar com as pessoas?
Quem não se lembra de ver ZETE ao lado das amigas de fé e dos descontraídos bate-papos nos finais de tarde, sentadas num banco em frente à casa, colocando em dia os assuntos correntes na cidade?
Nesse momento de profunda dor e grande sofrimento, ao rememorarmos alguns fatos e situações, deixamos registrado na lembrança de todos que aqui estão, e de tantos outros que gostariam de aqui estar mas não lhes foi possível, um pouco da grandiosidade que foi a história de vida de ZETE, uma guerreira na acepção da palavra.
Baiana, nascida no dia 14 de janeiro de 1952 em Jaguaquara, aos 20 anos de idade, em 20 de junho de 1972, ZETE casou com o não menos saudoso José Moura de Vasconcelos, o VASCO, e o casal veio direto para Itabela, trilhando os caminhos da vida juntos, ele trabalhando em empresa privada no asfaltamento da BR-101, depois como taxista e posteriormente entrando no comércio de peças de veículos, e ela sempre muito dedicada e cuidadosa nas atividades do lar do casal.
Com a chegada do primeiro filho, Emerson, o nosso conhecido BEU da Vascar Veículos, e em seguida da Adriana e da Aline, a pequenina ZETE se agigantou e mostrou toda sua dedicação e força na criação e formação educacional e de caráter, marcas registradas da família.
Emerson, jovem e bem sucedido empreendedor do ramo automobilístico e outros empreendimentos; a doutora Adriana, respeitável e competente profissional do direito e exemplar servidora da Justiça; e Aline, ainda muito jovem, uma empresária de sucesso no setor de serviços, são testemunhas vivas das virtudes e valores extraordinários de ZETE.
De coração mole, brincalhona, contadeira de CAUSOS, sorridente, fina no trato, firme nas suas convicções, sincera, simples, todas essas são virtudes para sempre lembradas também pelos seus genros Leonir e Álvaro, e pela sua nora Rogéria.
Sobre os netos...
Ah!.... os netos!....
Esses sempre foram um capítulo à parte na vida da nossa saudosa ZETE.
Que o digam os seis muito amados netos: Matheus, Amanda, Beatriz (Bia), Francisco, Karol e Arthur, que tiveram em todos os momentos o amor incondicional, o carinho constante, a dedicação sem precedentes.
Por fim, a nossa saudosa ZETE, que nos deixou no alto dos seus 65 anos de idade, temos certeza, terá morada eterna em nossos corações, nos corações de toda a família, de todos os amigos, e até mesmo daqueles que não tiveram a oportunidade de com ela conviver de perto, mas que conhecem e reconhecem a sua bela e exemplar história de vida.
Siga em paz, ZETE.
Lá na eternidade, cremos, você certamente estará junto ao CRIADOR, e novamente ao lado do seu amado VASCO.
No SAUDADES de hoje, o Clic101 traz em resumo a história de vida do senhor JOÃO PEDRO DOS SANTOS.
Nascido em Ilhéus em 27 de outubro de 1955, tinha seis irmãos, os quais foram criados pelo pai, Domingos Pedro dos Santos, e a madrasta, “Dete”, após ter perdido muito cedo a sua mãe, Alice Pedro dos Santos com 14 anos.
Também aos 14 anos de idade, com sua família, deixou Ilhéus vindo morar e trabalhar na Fazenda Cajaíba, hoje (2014) Fazenda Palmares no município de Porto Seguro, porém com referência em Itabela. João Pedro começou a trabalhar bem cedo, desde os seus 12 anos, e foi muito bem educado, apesar da pouca escolaridade.
![]() |
Ao centro da foto o senhor João Pedro de boné verde sob o tronco de arvore. |
Aos 22 anos casou-se com a senhora Lurdes Maria Pedro dos Santos, com quem teve seis filhos: Roque Pedro, Leia, Conceição, Cláudia, Cleomildes e Rodrigo Pedro, tendo também 4 netos.
Em meados de 1988 João Pedro veio para Itabela com sua família, passando a trabalhar na “Serraria Gamal”, onde também fez moradia, local onde hoje funciona a Serraria Bergamini.
Por toda sua vida, trabalhou em diversas serrarias e com diversas famílias tradicionais do município, como a família Guerra e a família Nunes, além de ter trabalhado por algum tempo como motorista de caminhão.
Homem muito dedicado à sua família, bastante reservado, tinha como hobby a pescaria e era um bom espectador de jogos de futebol. Tinha como pilar central da sua vida, além da família, a religião.
O trabalho mais admirado feito por João Pedro encontrava-se na Igreja. Católico fervoroso, frequentava fielmente a Igreja, dedicação e fé que foram mais intensos nos últimos 14 anos de sua vida, passando a educar seus filhos nesta fé.
Há alguns meses, vendo a dedicação do senhor João Pedro, levaram até ele a proposta de se tornar Ministro da Eucaristia. Mas teria que ser feito um curso e João Pedro não tinha leitura. Então o Frei Ivanilton Santos da Paróquia São João Batista levou o caso ao Bispo Diocesano Dom José Edson. Assim, o senhor João Pedro passou a ser ministro, desempenhando mais um importante trabalho na igreja.
Outro compromisso na religião era abrir e fechar a Igreja Nossa Senhora das Graças, além de ter grande participação em pastorais.
Por complicações de saúde o senhor João Pedro faleceu em 21/11/2014 aos 59 anos, deixando saudades, mas principalmente exemplo de homem, pai, marido e cristão, com sua simplicidade e mais uma vez ressaltada, sua dedicação à família e a Deus. Família Pedro, que assim como o Apóstolo Pedro, que tem como significado de nome “pedra”, “rochedo”, esteve firme e forte assim como o senhor João Pedro por toda sua vida.
“A gente tem muito orgulho de ter um pai como ele”. Roque Pedro.
![]() |
Família Pedro e amigos reunidos na missa de 7º dia de falecimento do senhor João Pedro, em 02/12/2014, na Paróquia São João Batista em Itabela. |
Confira alguns momentos vividos pelo senhor João Pedro e família na galeria de fotos.
ANTHENOR PIANNA, falecido em 17/07/2014 aos 76 anos de idade, é um dos maiores exemplos do empreendedorismo de sucesso.
Com apenas seis anos, Anthenor já cumpria a função de levar água para o seu pai até o topo do morro onde este trabalhava, no Córrego Joaquim Távora, onde a família construiu uma sólida união de companheirismo e se dedicou com muito afinco ao trabalho.
Aos treze anos, trabalhava peneirando café diariamente, desempenhando papel relevante no sustento da família.
No ano de 1953, a família mudou-se para a cidade de Linhares/ES, onde viria dar início à criação de um dos mais importantes grupos empresariais do estado do Espírito Santo, com extensão também na Bahia.
Meio Ambiente
As empresas do Grupo cumprem um importante papel social, principalmente na área de meio ambiente.
"Pessoalmente tenho um compromisso com a preservação da nossa terra, afinal é dela que tiramos nosso sustento e através dela chegamos onde estamos. Esse compromisso é cobrado também de nossos colaboradores e fornecedores”, pregava o empresário, que sempre foi preocupado com a preservação do meio ambiente.
Antenor sempre acreditou que as mudas de viveiro utilizadas no replantio de florestas que o próprio homem destruiu era uma das alternativas para vê-las nascer de novo. E ele tinha razão. Começou plantando dez mil árvores e chegou a 55 mil. Ele tinha uma pequena floresta no quintal de casa: além das árvores plantadas, Antenor conseguiu recuperar duas nascentes. Um trabalho de formiguinha, que começou há dez anos.
"Isso é sadio, nos dá uma satisfação muito grande. Inclusive, começar a salvar as nossas nascentes, que hoje estão morrendo. Cercar nascentes, pequenos lugares de nascentes, e fazer em torno delas o replantio. Elas, pequenas, com o decorrer do tempo, vão se tornar nascentes maiores, vão ficar grandes”, disse certa vez numa entrevista.
Agora, a floresta de Anthenor é a casa de animais como os papagaios Xauá, que antes viviam em cativeiro, mas, depois de serem reabilitados, ganharam um novo lar na propriedade do empresário.
O Grupo Pianna
Completando atualmente 50 anos de atividade, o Grupo Pianna está inserido no mercado de quatro estados, nos segmentos de tratores, máquinas agrícolas, pneus, veículos de três marcas distintas, distribuidora de cerveja (AMBEV), posto de combustíveis, financeiras, distribuidoras de petróleo, material de construção e máquinas pesadas para a agricultura.
"Considero a qualificação profissional um dos pontos mais importantes do sucesso atual das empresas do grupo. Acreditamos e investimos muito no desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores da Pianna”, costumava dizer Antenor.
Em 1970, o Grupo Pianna chegou a Eunápolis com a Pianna Rural, tendo entrado cerca de dez anos depois no segmento de móveis, eletrodomésticos e produtos eletrônicos com a abertura da Loja Pianna, que viria a se introduzir no setor de material de construção.
A inauguração da Portovel viria ocorrer em lá pelos idos de 1990, tendo se consolidado como liderança absoluta de vendas de automóveis em toda a região.
Família
O empresário deixa a esposa, Valéria, e três filhos: Viviane, Leonardo e Christiane, e cinco netos.
Informações: Site de Linhares
Uma pessoa inesquecível.
É assim que se referem todos os moradores de Itabela que tiveram a felicidade de conviver com o saudoso Frei Ricardo.
Sua figura carismática marcou a vida desta cidade desde que aqui chegou.
Professor de Ciências aposentado em sua terra, pôde realizar seu sonho de levar a palavra de Deus a qualquer lugar do mundo onde houvesse sede dela.
Foi assim que chegou ao Brasil em 15 de novembro de1983. Morou alguns meses em Eunápolis na Casa dos Freis Capuchinhos da então Vice-Província de Caravelas, e em seguida foi para Brasília fazer um curso de preparação para adaptar-se à nossa língua, sendo depois enviado pelos superiores para o serviço pastoral no Extremo Sul da Bahia.
Inicialmente, foi nomeado Vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição em Guaratinga no ano de 1986; em 1989 foi nomeado Vigário da Paróquia Santos Cosme e Damião em Itamarajú. Em 31 de dezembro de 1990 foi erigida a Paróquia São João Batista em Itabela e Frei Ricardo foi então nomeado como primeiro Pároco em janeiro de 1991, atendendo a sede e mais nove comunidades.
Desde o início, compreendeu que além de celebrar missas, organizar batizados, casamentos e outros sacramentos, teria também que prover parte da população que carecia de seus direitos mais básicos: alimentação, saúde, moradia...
Contando com a boa vontade de familiares e amigos italianos que enviavam suas contribuições, Frei Ricardo repassava esses valores às famílias mais necessitadas.
Ampliou sua ação cuidadora adquirindo terrenos e construindo residências para as famílias carentes. Foi assim que surgiu o bairro Irmã Dulce, onde foram construídas 27 casas, e outro conjunto de 14 residências no bairro Bacia.
A preocupação com a saúde dos moradores locais veio acompanhada de um projeto maior, a construção do Hospital São Camilo, hoje denominado Frei Ricardo, em sua homenagem.
Com fundos que ele arrecadou em razão da seriedade do seu trabalho e pela contribuição generosa dos amigos italianos, fundou e organizou a Associação São Francisco de Assis, instituição encarregada de gerenciar o Hospital, a Escola Agrícola, a Casa dos Idosos, além de creches em Itabela e no povoado de Montinho, Escola de Corte e Costura, e lojinha de venda de roupas semi-novas a preços meramente simbólicos.
A Associação era uma entidade que dava suporte para a continuidade desses projetos, mas que atualmente, por contínuas ações gerenciais equivocadas, sofreu completo desvirtuamento dos seus objetivos.
Esse cuidado com o povo não o desviou de sua ação religiosa, nas constantes visitas às comunidades rurais que então abrangia uma extensa área territorial, desde os limites de Eunápolis até Itamarajú, e do litoral até os limites de Guaratinga.
Sua incansável ação pastoral não o impedia de participar ativamente da vida do povo, da inquietude política de então e do desejo de que todos pudessem participar e ter seus direitos respeitados.
Neste sentido construiu a creche que servia como apoio para as famílias que tinham crianças menores, e um anexo à igreja matriz para ofertar um espaço apropriado à educação inicial para as crianças da comunidade.
Frei Ricardo pautava sua vida religiosa pelo dinamismo e preocupação no fortalecimento da fé e melhoria do acolhimento de todos que desejassem se envolver na ação evangelizadora.
Com ajuda das pessoas da comunidade, construiu salas para a catequese, para formação dos leigos, para encontros das pastorais e para a comunidade em geral, espaços esses que ainda hoje são disponibilizados para eventos coletivos importantes.
Ponto culminante de sua atenção com a vida comunitária foi a reforma da Igreja Matriz, que ficou pronta com o apoio de toda a comunidade e foi abençoada e inaugurada com grande festa no dia 24 de junho de 1992.
Frei Ricardo continuou dando provas constantes de atenção e carinho com o povo de Itabela e região, sempre atento à administração pública do já então município, denunciando os equívocos dos gestores municipais e incentivando para que as pessoas assumissem uma postura crítica e participativa na vida do município.
Não poupava esforços para atender qualquer chamado e participar de eventos religiosos da região. Foi atendendo a mais um destes convites que se dirigiu a Trancoso para a celebração do dia de Santo Antônio no dia 12 de junho de 2000, e quando retornava, sofreu um grave acidente.
Apesar de receber o atendimento médico possível e das orações de todos os que o amavam, veio a falecer no dia 25 de junho, quando a comunidade estava reunida na celebração do dia do padroeiro São João Batista, presidida pelo bispo diocesano D. Edson.
A cidade sentiu a orfandade com a partida daquele que era um pai, um amigo, um conselheiro, um defensor, e todos choraram juntos quando seu corpo foi levado no dia 26 de junho para ser enterrado em Selva Di Levico / Itália, onde nasceu Giuseppe Cetto, o Frei Ricardo, no dia 08/09/1927.
Ainda hoje, apesar de já transcorridos quase 13 anos desde sua partida, sentimos sua presença em tudo o que ele nos legou, e nosso compromisso então é de preservar e cuidar de todos os bens herdados, tanto os materiais quanto os preceitos de fé.
Afinal, sua passagem por esses "prados e campinas" não terá sido em vão.
"Sou bom pastor, ovelhas guardarei"...
Saudades...
----------------------------------------------------------
Mensagem
Se eu morrer antes de você, faça-me um favor.
Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele me haver levado.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me.
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam.
Se sentir saudades e desejar rezar por mim, pode fazê-lo.
Eu talvez precise de oração.
Se quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei.
Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver.
Você acredita nessas coisas?
Então reze para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de vocês, acho que não vou estranhar o céu...
Ser seu amigo já era um pedaço dele.
Saudades eternas
Paróquia São João Batista e Familiares
----------------------------------------------------------------------
Padre Riccardo Cetto, uomo generoso, francescano in "perfetta Letizia, sacerdote appassionato, missionario instancabile e creativo (Homem generoso, um franciscano perfeito, sacerdote apaixonado, missionárioincansável e criativo)
______________________________________________________
Colaboradores: Redação - Cila Sartório
Roteiro/Fotos - Lino Sperandio
Família Viana
O sertanejo é, antes de tudo, um forte, já disse Euclides da Cunha com muita propriedade.
Prova disso é a saudosa Honorina Viana, a Dona Nora, como carinhosamente todos chamavam essa sertaneja nascida em Tremedal/BA em 29/06/1921, mulher de fibra, determinada, alegre e sorridente, firme nos seus pontos de vista, nos seus propósitos, de personalidade marcante, mas sem jamais perder a ternura.
Mãe de sete filhos naturais e mais quatro de criação, todos sob a mesma proteção, ao lado do seu esposo deixou o sertão da Bahia lá pelos idos de 1950, com mudanças circunstanciais para a Vila Pereira (MG), Nanuque(MG), Salvador(BA), vindo finalmente para Itabela em 1974.
A propriedade rural batizada desde a época como Fazenda Graciosa foi o seu refúgio, onde tudo era muito difícil, mas nunca faltava amor e carinho.
Em 1980, com o falecimento do seu dileto esposo e companheiro, teve forças para levantar a cabeça, conduzir a família com braço forte e buscar novos e melhores dias.
Em 7 de setembro de 1993, sob inspiração e incentivo da matriarca Dona Nora, e atendendo a um anseio do seu falecido esposo Abdias Martins (popularmente conhecido como “velho Digo”), a família fundou a Rádio Pataxós FM, um projeto ambicioso, corajoso e respeitado, tendo a emissora mantido a liderança de audiência e o carinho da população em toda a região durante os dez anos em que a família esteve no seu comando, sendo depois vendida e transferido o controle acionário.
Dona Nora tinha toda a felicidade do mundo quando sua casa estava cheia de gente da família e dos inúmeros amigos que soube fazer e manter, sempre com uma mesa simples mas farta, com um costumeiro requeijão, biscoito frito e o gostoso café torrado em casa, tudo feito por ela com muito esmero.
Nos finais de ano, ela reunia toda a família, trazendo de longe os filhos, netos, sobrinhos e familiares, que se juntavam aos inúmeros amigos e convidados, num ambiente familiar e festivo .
Especialmente nessas ocasiões, Dona Nora passava prazerosamente horas e dias preparando tudo, fazendo farinha, tirando goma, fazendo biscoitos, bolos, preparando assados e tantos outros quitutes que a sua criatividade mandava.
Dona Nora sempre recebia em sua casa, espontaneamente e com muita freqüência, a visita dos inúmeros amigos feitos em Itabela e na região, para um cafezinho regado a um gostoso e descontraído bate-papo na varanda da casa, por onde permeiavam inclusive assuntos políticos, os quais ela dominava e discutia com muito realismo.
Como boa sertaneja, adorava andar a cavalo, gosto e arte que acabou transferindo geneticamente para filhos e netos, tendo como exemplo maior o seu neto Vinícius Viana, que apesar da pouca idade, já é um especialista em montaria e adestramento de cavalos e promissor corredor de vaquejadas e provas eqüestres.
Essa árvore frondosa deixou muitos e bons frutos, alguns dos quais continuam aqui bem perto de nós, em Itabela, representados pelos seus filhos Evaristo, Idalício, René, Ruth, os netos Rafael, Juliana, Mariana, Vinícius, Érica, Renan, e o bisneto Davi.
Registramos aqui apenas um pouco da Dona Nora, que nos deixou em 02/10/2004.
Por todos os cantos do Distrito de Monte Pascoal, conversando principalmente com moradores mais antigos, questionando quem foi a Dona Adelina, todos se emocionaram ao falar dela.
Foto: Regilmar/Folha Baiana
Adelina chegou em Monte Pascoal em meados de 1968, e desde então veio fazendo um trabalho social, contribuindo no desenvolvimento da comunidade.
Ficou viúva, e por alguns anos esteve sem um parceiro ao seu lado, até que, após algum tempo de amizade, Adelina e Gedalvo Matos, o vereador Gil, começaram a se entender e constituíram uma nova família.
Ouvimos depoimentos de pessoas que foram ajudadas por ela, pessoas que têm Adelina como ídolo e que mesmo depois de decorrido um ano do seu falecimento, ocorrido em 06/04/2013, faltando treze dias para comemorar seus 68 anos de vida, guardam em suas memórias a imagens da mulher forte, guerreira, e que não media esforços para fazer o bem ao próximo.
Apesar de não ter um filho gerado por ela, Adelina foi um exemplo de mãe na criação de seus sobrinhos e no encaminhamento religioso dos seus mais de 70 afilhados de batismo.
Teve grande participação na emancipação política de Itabela, e com o testemunho da gente de Monte Pascoal e do município de Itabela como um todo, foi uma mulher de invejável visão e habilidade política, dotada de grande poder de convencimento, firmeza nas suas convicções, mas sem jamais perder a ternura e o fino trato com todos ao seu redor.
No vídeo abaixo, confira os depoimentos de pessoas que a conheceram.
Confira também na galeria, as fotos da Missa que marcou o primeiro ano de Saudade dessa mulher que vai continuar sempre presente na memória e nos corações de quem com ela conviveu.
Pai de Albert e Geórgia, casado com a senhora Tarcilia Brioschi Sartório, de personalidade forte e defensor ferrenho de seus princípios, Sartório chegou em Itabela e montou uma fábrica de lajotas às margens do Rio dos Frades, adquiriu terras no município e se transformou num dos mais respeitados pecuaristas da região.
Com seu jeito objetivo e verdadeiro no trato com as pessoas, fez poucos mas verdadeiros amigos.
Adorava e sabia tratar como ninguém as crianças, e quando ia às fazendas negociar bovinos, os filhos dos vaqueiros já o esperavam com ansiedade, pois sabiam que ele sempre chegava com balas e pirulitos.
Também fazia parte de seu perfil ser meio 'Professor Pardal', tanto que comprava equipamentos mas os adaptava ao “padrão Sartório”, e sempre teimava em contestar os outros inventores. O pior é que para desespero dos seus gozadores, quase sempre estava com a razão.
Nos seus últimos cinco anos de vida, parece que o guerreiro sabia que iria sucumbir e inteligente que era, aproveitou o que poude ao lado dos seus netos, desacelerou o trabalho, passou a ser menos exigente, a passear mais e frequentar os eventos rurais nas cavalgadas da região e nas noites da Fazenda Graciosa, tomando uma boa ‘pinga’ e cantando serestas ao som de violão.
Esse era Sartório, às vezes teimoso, mas firme, inteligente, generoso...
Com certeza, deixou grande legado a todos que tiveram o privilégio de tê-lo como amigo.
Nascido em 25/07/1946, João Hermogênio Sartório faleceu em 12/02/2009.