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DENÚNCIAS

Ministério Público investiga denúncias de abusos sexuais e psicológicos contra mulheres cometidos por um líder espiritual na Bahia

A Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia (Gleb), na qual Tércio foi grão-mestre, declarou que as acusações não possuem qualquer relação com a instituição, conforme relato da promotora que acompanha o caso

Por: CliC101 | BN
Publicado em 03/08/2020 10:18

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O Ministério Público (MP-BA) investiga uma série de denúncias de abusos sexuais e psicológicos contra mulheres cometidos por um líder espiritual na Bahia. 

 

Fundador do imutabilismo e ex-grão-mestre de uma loja maçônica no estado, Jair Tércio é acusado de submeter um grupo de 14 ex-seguidoras a uma rotina de abusos psicológicos e sexuais. A defesa nega as acusações.

A promotora Sara Gama, que acompanha o caso no Ministério Público da Bahia (MP-BA), informou que a maçonaria não possui qualquer relação com as acusações contra Tércio.

 

Foto: BN

Engenheiro de formação, Jair Tércio é conhecido por desenvolver uma doutrina pedagógica que é estudada em retiros espirituais promovidos por ele toda semana. Ele fundou a Fundação Ocidemnte em 1980. 

 

As denúncias contra Tércio começaram a aparecer nas redes sociais no final de junho e chegou a Ouvidoria das Mulheres, órgão do Conselho Nacional do Ministério Público, e ao Projeto Justiceiras, que reúne 3.500 voluntárias, entre psicólogas, advogadas e assistentes sociais. 

 

Uma das primeiras mulheres a se apresentar como vítima de Tércio, Tatiana Badaró compartilhou nas redes como teria sofrido com os abusos entre 2002 à 2014. "Ele sempre se coloca nesse lugar de iluminado: reencarnação de Moisés e Jesus Cristo. Ele dizia que eu era uma mulher que tinha que apanhar do marido. Todo tempo um terrorismo psicológico, uma ameaça de retaliação espiritual... Porque ele nunca diz que ele vai fazer, ele diz que a espiritualidade vai resolver, a espiritualidade vai te cobrar porque você teve a chance de viver perto de um iluminado e não aceitou”, relatou. 

 

De acordo com a CNN, durante uma live, uma segunda vítima afirmou que foi sendo “apagada” enquanto frequentava as atividades lideradas por Jair Tércio. “Há uma reprogramação mental. Essa é uma característica desses sociopatas, né? Ele vai apagando e reprogramando você. [Eles te convencem a entender que] tudo o que está acontecendo na sua vida é porque você não se espiritualizou o suficiente. Eles dizem que são retiros religiosos, mas são viagens para que você seja reprogramado. Você vai ao limite da exaustão física. No exaurir do físico seu psicológico está totalmente vulnerável a qualquer tipo de ideia [imposta]. Então, é nesse momento que eles começam a dizer: eu vou te salvar de você mesma”.

 

Novos depoimentos do caso devem acontecer nas próximas semanas. No entanto, a promotora Sara Gama sinalizou que o caso vem sendo tratado como estupro e assédio, pelas relações entre Tércio e as supostas vítimas envolverem posições hierárquicas - o acusado é tratado como guru espiritual pelos seguidores.

 

A promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Gabriela Manssur, destacou que os relatos contra Tércio são similares a de outros casos de abuso sexual e psicológico: “A exemplo de outros [crimes] que nós tivemos nos últimos dois anos, que acabei recebendo denúncias de mulheres praticamente idênticas. Mesmo modus operandi, uns crimes cometidos em grande escala contra várias mulheres por várias vezes”.


O OUTRO LADO

Em nota, a defesa de Tércio declarou que os fatos narrados não condizem com a conduta do líder religioso, que nunca teria se valido de sua posição para lograr vantagens sexuais. “Todas as relações que [Tércio] teve em toda a sua vida foram consentidas e marcadas por carinho e afeto”, relatou a defesa. 

 

Fundada por Tércio, a Fundação Ocidemnte destacou em nota que é uma organização científica de caráter educativo, não uma organização religiosa.  O grupo declarou que nunca recebeu nenhuma reclamação direcionada a qualquer um dos seus membros: "Nosso compromisso com a educação ea formação integral é sempre pautado em valores como ética e transparência. Estamos à disposição da Justiça para a devida apuração".

 

Diante do caso, a Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia (Gleb), a qual Tércio foi grão-mestre, declarou que as acusações não possuem qualquer relação com a instituição, conforme relato da promotora que acompanha o caso. Por meio de nota (VER NOTA COMPLETA AQUI), a Gleb informou que Tércio teve "os direitos maçônicos suspensos" assim que as primeiras denúncias começaram a circular e que vai contribuir com a justiça para eventuais esclarecimentos.

 








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