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DÍVIDA RURAL

Eunápolis: Dirigentes, técnicos e produtores de toda a região discutem alternativas para crédito rural com instituições financeiras


Por: CliC101 | Idalício Viana
Publicado em 04/04/2019 08:46

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Reunidos na manhã desta quinta-feira (4) no auditório do Hotel Portal em Eunápolis, cerca de 140 produtores participaram e discutiram questões ligadas ao “Crédito Rural” com técnicos e dirigentes do Sistema Faeb/Senar/Sindicatos, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Banco do Brasil e Banco do Nordeste.


“Vocês é que fazem a nossa força, nossa disposição em estar presentes, participando”, disse o Dr. Guilherme Moura, produtor rural e vice-presidente administrativo/financeiro da Feab, que fez a abertura e conduziu o evento.



CNA - Em seguida, com o tema “Dívidas Rurais, normativos para suas renegociações/liquidação”, uma longa exposição foi feita por Nelson Fraga (CNA), que destacou algumas questões consideradas fundamentais ao dizer que nada acontece por acaso no setor do agronegócio, o produtor tem que externalizar, tem que haver demanda para que as questões sejam encaminhadas e buscadas as soluções, que “tem muito mais bola nas costas do que gente trabalhando para o setor”, e que tem trabalhado para criar e disponibilizar alternativas.


Fraga traçou em breves palavras a situação atual com o novo governo, lembrando dificuldades existentes com mudanças no quadro diretivo de órgãos e entidades, falou de tratativas em andamento no Congresso e no Governo Federal, ressaltou o trabalho que vem sendo feito para oferta de crédito junto a outras instituições financeiras, e que vem sendo construída pactuação de dívidas dos cafeicultores com relacionamento ao produto.


Banco do Nordeste - O superintendente estadual do Banco do Nordeste (BNB), José Gomes, fez apresentação dos números, produtos, serviços e operações da instituição, aplicações na Bahia e em Eunápolis que superaram as metas, afirmando terem sido aplicados R$64 milhões em 2018, preponderantemente na cafeicultura.

Entretanto, os produtores presentes não ouviram do superintendente apontamento de soluções para prorrogação de dívidas e nenhum mecanismo de ajuste às dificuldades enfrentadas pelos cafeicultores com a seca que assolou os cafezais e demais culturas na região.

Segundo Gomes, o produtor com pendência financeira no BNB terá que liquidar os contratos no vencimento, sem o que não poderá se habilitar a novas negociações de crédito.


Banco do Brasil - Ulisses, Superintendente do Banco do Brasil (BB), apresentou o extenso portfólio da instituição financeira. Para ele, “o agronegócio está sustentando a economia”.



DEBATE - Finalizadas as palestras, foi aberto espaço para questionamentos dos produtores presentes e esclarecimentos dos apresentadores, sob coordenação do Dr. Guilherme Moura, que disse do objetivo do sistema CNA/Faeb/Senar/Sindicatos de oferecer possibilidades, ressaltando a individualidade do problema de cada produtor.


Entre os temas mais tratados, o decreto de emergência foi apontado como essencial e um caminho viável para encaminhar soluções objetivando a negociação das dívidas dos produtores junto ao sistema financeiro.


No Território Extremo Sul apenas no município de Itamaraju o poder público atendeu o pleito da classe produtora, tendo o prefeito Marcelo Angênica assinado o referido decreto, e o seu Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Ivan Favarato Filho, foi o único titular da pasta da agricultura presente no importante evento.


Já no Território Costa do Descobrimento, segundo o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Itabela, Gilberto Borlini, o decreto de emergência teria sido assinado pelos prefeitos de Itabela, Guaratinga, Belmonte e Itapebi.

 

Sobre a falta de apoio do poder público à causa da classe produtora, diversas e fortes manifestações foram feitas, sendo apontado que em Eunápolis, apesar dos encaminhamentos feitos, o município não teria atendido a solicitação para decretar estado de emergência, e o motivo exposto no evento teria sido que o município ficaria impedido de realizar festas populares.


Outro tema fortemente tratado foi a falta do seguro agrícola, tido como essencial para acabar com o sofrimento do produtor com dívidas resultantes da frustração de produção por consequências climáticas, questões mercadológicas e pragas e doenças.


Para Ricardo Covre, vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Itabela, 2º Vice-Presidente de Desenvolvimento Agropecuário da Faeb e representante da Bahia na Comissão Nacional do Café da CNA, está em construção um novo modelo de seguro agrícola, e destacou a importância da troca de sacas de café por dívida agrícola com as instituições credoras.



O produtor, técnico aposentado da Ceplac, contabilista, ex-vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Itabela, Dorival Barbosa, disse não entender como análises técnicas de especialistas para obtenção de crédito não são aceitas pelas instituições financeiras para prorrogação de contratos, no que foi aparteado pelo palestrante Nelson Fraga, dizendo que tais relatórios técnicos, apesar de previstos nas normativas, servem apenas NA TEORIA.


Dois pontos foram vistos como negativos para duas instituições financeiras presentes: a mea culpa assumida pelo superintendente do BNB sobre a lentidão da instituição nos processos de atendimento ao produtor, a aparente dificuldade do superintendente do Banco do Brasil em explicar os questionamentos de mau atendimento há cerca de dois anos na agência de Itamaraju. e dos participantes da mesa diretiva em contraditar a manifestação do produtor Arilton Bahia que, indignado, disse que uma alternativa seria não pagar e ajuizar as dívidas, para não ter que tirar o sustento da própria família.



Dos presidentes de sindicatos da região que estiveram presentes (Itabela/Gilberto Borlini, Eunápolis/Eliane Meneses, Guaratinga/Jorge Brito, Porto Seguro/Celso Cipitelli, Itamaraju/Everaldo Melo), a voz uníssona foi a frágil participação dos produtores em seus respectivos sindicatos, notada também no evento da dívida rural, onde se poderia esperar pelo menos 500 participantes, dada a importância do tema e o volume de produtores endividados e em dificuldades de honrar os compromissos.


Gilberto Borlini, ao final, fez um relato que tocou no íntimo de todos, ao dizer que, questionado por sua filha de apenas 10 anos sobre “o que é ser produtor”, teve dificuldades em dar explicações convincentes.

Disse ainda que “nós [produtores rurais] não estamos conseguindo fazer sucesso”, e que “o produtor é burro de carga do país”.








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