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Os carros no Custo Brasil. Por que tudo no Brasil custa tão caro?

Essa é uma pergunta que nós e os leitores nos fazemos diariamente diante dos preços absurdos dos produtos, no caso, os carros vendidos no país em relação ao mercado internacional.

Por: Super Interessante
Publicado em 03/05/2013 03:08

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Por que tudo no Brasil custa tão caro? Essa é uma pergunta que nós e os leitores nos fazemos diariamente diante dos preços absurdos dos produtos, no caso, os carros vendidos no país em relação ao mercado internacional. O problema é o chamado Custo Brasil, mas também podemos dizer que é o “Custo Cultural” brasileiro. Afinal, não se trata exatamente de um ponto ou outro, o problema é que seguimos uma cultura de ineficiência financeira governamental, industrial, comercial e pessoal.

Um artigo da revista Super Interessante realmente é muito interessante quando fala dos muitos motivos pelos quais os produtos e tudo mais que existe aqui custa mais caro. A “cultura” do país é ganhar dinheiro e não investir nada ou muito pouco, a não ser em bens pessoais, como carros caríssimos, imóveis com preços fora da realidade mundial e outros gastos que colaboram para a manutenção de um sistema deficitário.

Por R$ 3 milhões cobrados em um Lamborghini Aventador aqui, o brasileiro compraria um apartamento em Nova Iorque, um helicóptero e um Aventador nos EUA. Isso sem contar os imóveis, que em bairros de São Paulo, Rio e outras capitais, custam o mesmo que em locais nobres de cidades como Londres, Paris ou Nova Iorque. Aliás, por uma cobertura de R$ 30 milhões aqui, dá para comprar um castelo na França e vários imóveis em locais nobres da Europa e ainda sobra dinheiro.

O boom imobiliário é devido à supervalorização absurda. Nesse ambiente, os bancos promovem uma festa de crédito para qualquer um. Se este não consegue pagar, a instituição financeira vende o bem por três vezes ou mais seu valor na planta. Ou seja, é dinheiro garantido mesmo se o consumidor não honrar o compromisso.

Mas voltando aos automóveis, um ponto em particular é a enorme carga tributária, onde 88 impostos federais (por exemplo) existem para engordar as despesas dos fabricantes, que pagam pelo faturamento, não pelo lucro. Ganhando ou perdendo, pagam da mesma forma impostos que se sobrepõe, gerando assim um circulo vicioso que come 36% do preço final de um automóvel. Ainda existem os impostos estaduais, municipais e as medidas provisórias que alteram os incentivos fiscais ao gosto político ou empresarial. Afinal, bastam as montadoras reclamarem de baixas vendas, que o governo muda as regras imediatamente.

As montadoras também decidem lucrar mais para poder sustentar suas operações internacionais e o custo do maior investimento aqui (inclusive de empréstimos), convertendo o país em um local de produção de carros baratos de fazer, mas com alto preço em relação ao mercado mundial. Assim, comparando com o México, carros como o Gol e o Fit, por exemplo, chegam ao consumidor de lá custando bem menos do que aqui, mesmo se a carga tributária dos dois países for excluída da conta. Não há mágica, há lucro. E dessa forma, sem pensar no próprio bolso, o consumidor toma dinheiro emprestado dos bancos – afinal, não tem a cultura de poupador – para ter aquele carro de baixo custo com alto preço de tabela.

Apenas 27% dos brasileiros guardam dinheiro, enquanto o percentual é muito maior em outros países. Assim, os juros absurdos dos bancos fazem com que o custo de se adquirir um automóvel multiplique por dois ou três. Pagar R$ 80.000 ou R$ 100.000 em um automóvel já é algo aceitável para o consumidor brasileiro, mesmo que isso implique em ter boa parte do salário apenas para pagar carro, que no final das contas não é investimento, pois perde em torno de 30% do valor em pouco mais de dois anos e não é durável.

Pior do que ter três ou quatro fatores que transformam o carro brasileiro em um bem caríssimo é saber que de modo geral, o Brasil é um país ineficiente. Apesar de grande exportador e consumidor, o que se ganha não é convertido em investimento para o futuro, como faz a China, por exemplo. O Brasil só investe 19% do PIB, enquanto a asiática gasta 48%.

Lá é muito mais barato de fazer não só pela mão de obra (dita escrava por muitos), mas pelo custo geral menor, visto que da construção civil à logística, os chineses possuem estrutura muito mais eficiente do que aqui. Há mais estradas, mais ferrovias e mais portos adequados à exportação. Construir prédios é mais barato e mais rápido por lá, assim como transportar e exportar produtos. Aqui ainda se usa alvenaria, lá placas de concreto. Aliás, não é só lá. Os chineses apenas acompanharam a evolução mundial, o Brasil não. A infraestrutura do país ainda é em parte do século 19…

Assim, aqui se demora muito mais para levantar prédios e por custo bem maior, assim como para exportar, visto que o transporte primário no país é o caminhão, que também sofre pela falta de estradas e de portos adequados. As safras de grãos e outros produtos de exportação ficam parados dias a fio em estradas, convertidas em estacionamentos, impedindo inclusive o direito de ir e vir do cidadão comum. Não há investimento adequado para exportação, mas ainda assim o Brasil vendeu US$ 155 bilhões de 2003 a 2011. Enfim, o Brasil é uma conta que não fecha…



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