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OPINIÃO

Carnaval de ano eleitoral teve desempenho político bem abaixo da expectativa


Por: Bahia Notícias / Fernando Duarte
Publicado em 15/02/2024 09:36
Atualização:16/02/2024 09:21

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Tradicionalmente, em anos eleitorais, os debates políticos acontecem no calor do Carnaval e rendem boas aspas de candidatos, aliados e adversários. Em 2024, não houve tempo ou ânimo para aquecer as discussões sobre o pleito de outubro. As chuvas do domingo, dia mais usual para manifestações políticas, podem ter contribuído para o clima ameno. Porém o protagonismo do prefeito Bruno Reis no período também justifica a falta de espaço para que outros nomes captassem os holofotes.

A aposta de um Carnaval alongado, com quase 15 dias de duração, foi arriscada. Um erro simples poderia comprometer todo o desempenho da gestão de Bruno Reis na folia, algo crucial para um prefeito que deve tentar a reeleição. A principal preocupação acabou sendo a “passarela dos ambulantes” na Barra, que, felizmente para Bruno, não teve repercussão negativa após ter entrado em operação - e olha que não faltaram tentativas de capitalizar politicamente e na mídia a instalação do equipamento.

Tal qual em 2023, quando praticamente “reinou” absoluto, o prefeito concentrou boa parte das atenções da imprensa. No entanto, o governador Jerônimo Rodrigues também soube usar o espaço que lhe cabe. O resultado é que o funcionamento dos serviços públicos, tanto do município quanto do estado, pode ser muito bem avaliado, então acaba sendo um ponto positivo para o gestor. Os dados do Carnaval favorecem - e muito - as razões para que tanto Bruno quando Jerônimo tenham razões para comemorar.

Chamou atenção o esforço de ambos em carregar os vices a tiracolo. O prefeito, que sempre fazia um rodízio entre os secretários que o acompanhava nas coletivas, optou por ter apenas Ana Paula Matos ao seu lado, ampliando a visibilidade da vice-prefeita, que também ocupa a Secretaria de Saúde de Salvador. Foi uma escolha óbvia e fortalece o nome dela para permanecer no posto - algo que sequer foi alvo de farpas de aliados no período, o que normalmente aconteceria.

Já Jerônimo chegou a colocar o vice-governador Geraldo Jr. como coordenador do Carnaval. Porém apenas quando o titular estava na folia em Salvador era possível atrair a atenção para o vice. Fora desses momentos, a fala de Geraldo Jr. parecia uma vitrola quebrada, com a repetição e exaltação dos feitos do governador. Algo esperado para um vice, mas bem abaixo da expectativa para quem se coloca como candidato de oposição a um prefeito candidato à reeleição. Ou seja, ainda que tenha tentado, Jerônimo não conseguiu transferir o prestígio do posto para o vice e candidato único do seu grupo político à prefeitura de Salvador.

Ainda passaram pelo circuito figuras mais “nacionais” como Nunes Marques, Arthur Lira e Elmar Nascimento - todos em trios do cantor Bell Marques. O ministro do Supremo Tribunal Federal foi flagrado em vídeos e fotos e somente isso. Já Arthur e Elmar conseguiram holofotes, especialmente após um café da manhã entre o presidente da Câmara dos Deputados e o governador Jerônimo Rodrigues. Elmar, que é adversário do PT na Bahia, foi recebido no Palácio de Ondina com as honras de visitante ilustre (mesmo que tenha ido na condição de acompanhante).

O parlamentar baiano, inclusive, conseguiu atrair um certo número de aliados para a folia baiana. E Lira talvez tenha sido o mais simbólico de tudo isso. Elmar busca se consolidar como candidato à sucessão do aliado, mas não ficou completamente confortável em Ondina, dado o fato que um dos adversários, Antônio Brito, também esteve lá, ciceroneando o todo-poderoso presidente da Câmara.

A Quarta-Feira de Cinzas, quando acontecem as coletivas de imprensa de balanço da prefeitura e do governo, também não trouxe farpas ou tensões. Ou seja, enquanto o Momo esteve com as chaves da cidade, a paz reinou na cidade. Algo bem incomum para um ano em que a eleição promete aquecer o coração dos políticos.









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