Estiveram reunidos na tarde desta quarta-feira (18) representantes de algumas entidades e uns poucos do Poder Legislativo de Itabela, com o objetivo de buscar alternativas e soluções para as graves questões que envolvem a segurança pública no município.
Dos cerca de vinte e cinco convidados, apenas se fizeram presentes, conforme a ata: Ednardo Oliveira (Loja Maçônica / Sindicato Rural / Sicoob), Tarcília Sartório (Rotary), Valtim Lima (APLB Sindicato), Marivaldo Felipe (Delegado da Polícia Civil), e os vereadores Antônio Veloso (presidente da Câmara), Alencar Arrabal, Célio Marinho, José Amaro, Renaldo Porto, e o assessor legislativo Dorlando Santana que secretariou a reunião. Como a reunião foi agendada para as 13 horas e só começou às 14, o representante do Banco do Brasil, senhor Edimildo, acabou se ausentando. Os demais vereadores: Gil, Ricardo, Salvador, Ana Jaria, Nito e Pedro, ou não compareceram ou saíram do recinto antes do início e durante a reunião, certamente porque o assunto talvez não lhes interessasse.
Em ata lavrada após a reunião, onde foram feitas explanações e discussões, definiu-se solicitar ao Poder Executivo a inclusão imediata do Quadro de Detalhamento de Despesas do Fundo Municipal da Segurança Pública (FMSP) na proposta da Lei Orçamentária Annual para 2016 em tramitação na Câmara Municipal, além da atualização dos membros representantes das entidades que compõem o Gabinete de Gestão e FMSP.
Cada um dos representantes presentes foi bastante objetivo e incisivo em seus pronunciamentos:
Cila Sartório – “Estamos rodando e parando sempre no mesmo ponto, as instituições já estão cansadas, exauridas, precisamos executar o que já está aprovado, não ficar na vontade de apenas um que pensa que pode determinar tudo sozinho”.
Ednardo Oliveira – “Necessário observar a legalidade dos recursos pleiteados e desenvolver programas de ação para faixas etárias de 3 a 12 anos”.
Marivaldo Felipe – “Uma reunião importante para discutir segurança pública, poucos convidados aparecem”; “Precisa apoio jurídico para discutir a legalidade das ações propostas”; “Nos meus 33 anos de polícia, sinto nos últimos dias que estamos num rumo incontrolável”; “A carga horária dos policiais é cobrada pelos sindicatos de classe”; “Diariamente das 18 às 8 da manhã nos dias úteis e nos finais de semana e feriados, as ocorrências são dirigidas para o plantão regional em Eunápolis, desestruturando ainda mais o trabalho policial na cidade, que fica desguarnecida com ausência dos policiais que se deslocam para conduzir pessoas detidas”; “Pra fazer uma operação policial depois que aqui cheguei, tive que pagar do meu próprio bolso aos policiais que trabalharam durante as suas folgas”.
Vereador Antônio Veloso – Sugeriu estabelecer um percentual da receita tributária para ser destinado ao FMSP.
Vereador Alencar – Mentor da reunião, falou sobre restrições ao uso de capacete por motociclistas, uso de celulares em sala de aula, venda de bebida alcoólica em eventos realizados nas unidades escolares e comercialização de armas de brinquedo.
Descumprimento da lei, descaso, omissão, desleixo, inoperância, parecem ser os adjetivos mais comuns que a população tem aplicado ao prefeito de Itabela, que é também o coordenador do Gabinete de Gestão, maldosamente batizado como gabinete de indigestão.
A legislação que criou o Gabinete de Gestão e o Fundo Municipal de Segurança Pública existe desde 08/07/2013, tendo o prefeito municipal sancionado as leis, feito muito alarde, se dizendo sensibilizado com a questão da segurança. Entretanto, de lá para cá nenhuma ação foi empreendida, num flagrante descumprimento da lei, inclusive de repasse do percentual definido também em lei para o Fundo Municipal da Segurança Pública, que, alias, é bom ressaltar, jamais foi incluido nas Leis Orçamentárias Anuais de 2013, 2014 e 2015, e agora, mais uma vez, também não consta no orçamento para 2016, numa demonstração clara de que não existe qualquer interesse do chefe do executivo em ao menos tentar resolver a questão da segurança.
Por essas e outras é que a população está cada vez mais indignada, descrente com certos homens públicos, que com sua falta de compromisso e respeito com a comunidade, acabam criando na sociedade o sentimento de que todos os homens que se dispõem a entrar na política são iguais, quando não o são e não podem ser comparados com certas figuras carimbadas que se dizem líderes politicos, alguns com atuações desastrosas, quer na área executiva, quer no legislativo.
Nos bastidores da reunião, um observador atento, que pediu reservas na sua identificação, comentou que teria vereador mais preocupado em pegar cópia da ata “para reunião com meu deputado” e “pra fazer balcão de negócio” do que discutir com profundidade e seriedade as questões da segurança pública. E outro que chegou no fim da reunião e veio com a idéia “iluminada” de que o município deveria formar a sua própria polícia.
Pelo visto, com cada um querendo ser o pai da criança, o dono da verdade, e com o nível apresentado, os problemas não só da segurança, mas de todas as questões relevantes do município, estão muito longe, senão impossíveis de serem resolvidos.