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NA CONTRAMÃO

Enviado do governo à China cutuca o agro brasileiro diante de empresários

Presidente da Apex, Jorge Viana afirmou que é preciso parar de dizer no exterior que o Brasil não tem problema ambiental

Por: Metrópoles
Publicado em 29/03/2023 09:35
Atualização:29/03/2023 09:39

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Um pouco na contramão do discurso festivo e otimista adotado na véspera pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, outro importante integrante do governo Lula lançou críticas nesta segunda-feira, na China, ao sistema de produção do agronegócio brasileiro. 

Presidente da Apex, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, o petista Jorge Viana realçou, durante um evento em Pequim no qual falou para empresários brasileiros e chineses, o fato de a pecuária e a produção de grãos no Brasil estarem relacionadas a problemas ambientais. 

O “sincericídio” de Viana soou curioso por ter ocorrido bem no meio de uma extensa programação brasileira na China que tem, entre seus principais objetivos, alavancar o volume das exportações do agronegócio para o país asiático. 

Figura importante no atual governo por seus laços estreitos com o presidente Lula, de quem é amigo pessoal há décadas, o presidente da Apex afirmou que é preciso parar de dizer no exterior que o Brasil não tem problemas na área de meio ambiente. 

“Nós, brasileiros, deveríamos parar de dizer fora do Brasil que o país não tem problema ambiental. Nós temos. Faz muito tempo”, declarou, diante de uma plateia que tinha representantes de grandes empresas do agro nacional e executivos chineses com protagonismo no mercado que é o principal comprador da produção do Brasil. 

Também próximo da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, sua conterrânea do Acre, o presidente da Apex ilustrou com números a relação entre o agronegócio brasileiro e a destruição da floresta amazônica. 

Números 

Ainda que tenha feito uma ressalva ao dizer que uma parcela dos produtores já adota medidas ambientalmente sustentáveis, Viana lembrou que dos 84 milhões de hectares desmatados na Amazônia ao longo dos últimos 50 anos, 67 milhões serviram à pecuária e outros 6 milhões ao plantio de grãos. 

Se todo o setor aderisse à agenda de responsabilidade ambiental, afirmou, a necessidade de terra para pecuária, por exemplo, cairia para 32 milhões de hectares. 

No mesmo evento, empresários do agro teceram loas a iniciativas sustentáveis de suas companhias, o que realçou ainda mais a estocada do chefe da Apex. 

O encontro era parte da extensa programação montada em torno da visita oficial de Lula à China, que acabou cancelada por motivos de saúde. 

Mesmo sem a presença do presidente, a parte empresarial da agenda foi mantida, com debates, visitas a empresas e iniciativas para aproximar companhias brasileiras e chinesas e fomentar novos negócios. 

Na véspera 

Um dia antes, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que está na China desde a semana passada e desde então vem mantendo reuniões com empresas e autoridades locais, festejou os resultados da missão, mesmo diante da impossibilidade de Lula fazer a viagem por agora. 

Fávaro disse que os acordos bilaterais que já estão negociados – e que só não foram anunciados ainda porque o governo brasileiro optou por aguardar a remarcação da viagem do presidente a Pequim – irão incrementar significativamente as exportações de produtos do agro brasileiro para a China nos próximos anos. O ministro participou do mesmo evento, mas saiu antes de Jorge Viana falar. 








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